Está com viagem marcada para a Cidade do México? Já inclua no seu roteiro, uma visita à charmosa Casa Azul da irreverente artista mexicana Frida Kahlo. Hoje em dia, o lugar funciona como museu, porém, além de ter sido local de nascimento e morte da artista, entre os anos de 1929 a 1954, foi aonde ela viveu com seu marido, o pintor e muralista Diego Rivera. O museu conta toda a história da vida pessoal e profissional de Frida, um ícone da cultura mexicana e exemplo de mulher a frente do seu tempo.
A Casa Azul era um dos locais que eu mais queria visitar na Cidade do México. Não só para conhecer as obras da artista, já que a maioria delas nem está lá mesmo. Mas sim pela oportunidade de explorar esse lugar que foi tão marcante na vida de Frida. Queria sentir a energia do lugar, que foi berço de tantos sentimentos como sofrimento e amor. E, posso afirmar, que foi isso mesmo que aconteceu.
Quem foi Frida Kahlo?
Artista surrealista mexicana, Frida é, na verdade, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón. Nascida em 1907 e filha de um fotógrafo alemão com uma mexicana, desde cedo teve contato com a arte.
A vida de Frida foi recheada de dor, com doenças, lesões, acidentes e milhares de cirurgias. Com apenas sete anos de idade ela contraiu poliomelite que resultou em uma lesão no pé direito, a deixando manca. Já aos 18, no auge da sua juventude, ela sofreu um acidente de bonde, onde uma barra de ferro perfurou seu corpo e ela fica entre a vida e a morte no hospital.
Com isso, Frida passou por diversas operações reparadoras, teve que usar colete ortopédico por anos e por fim, ficou impossibilitada de ter filhos. Inclusive os abortos que sofreu foram, mais de uma vez, temas de suas pinturas. Foi na época em que ela se recuperava do acidente no bonde, que começou a pintar, deitada em sua cama e com um espelho no teto para poder se enxergar. Pintava em sua maioria, autorretratos escancarando suas vulnerabilidades. Por isso, eu a considero uma mulher símbolo de força e superação, pois mesmo com todas as dificuldades e contratempos em sua vida, ela nunca deixou de se dedicar a sua arte.
Obras
Nas obras acima, Frida retrata suas vivências, como por exemplo, quando se pinta ao lado do seu marido Diego – que já tinha uma carreira artística estabelecida quando se conheceram. Em outro momento, após sofrer um aborto nos Estados Unidos, ela aparece em uma cama com diversos elementos responsáveis pela sua dor, como o feto do filho desejado, um gesso ortopédico rosa, entre outros símbolos. A terceira obra se chama “A coluna partida”. Essa tela foi pintada em 1944, logo após Frida passar por uma cirurgia na coluna, quando teve que usar um colete metálico.
Segundo um artigo do Google Arts&Culture, quando Frida era questionada sobre o motivo de pintar a si mesma com tanta frequência, ela respondia que era porque estava sempre sozinha e conhecia melhor a si mesma do que a qualquer outra pessoa. Frida era famosas por suas frases inspiradoras, como essa abaixo, que foi falada por ela logo após um problema nos seus pés.
Nos anos 1930, começou a expor nos Estados Unidos e viveu lá por algum tempo com Diego Rivera. Além de Nova York, Frida também participou de exposições em Paris. Inclusive, foi a primeira artista mexicana a ter suas obras expostas no Museu do Louvre.
Amor
Sua vida amorosa também era conturbada, foi casada duas vezes com Diego Rivera (sim, divorciaram-se e depois, casaram-se novamente), que era 20 anos mais velho que ela. Apesar dos casamentos, cada um tinha a sua própria casa, fato curioso. Mas, além disso, ficavam bastante tempo juntos na Casa Azul.
Frida sofria muito com a infidelidade do marido, que se relacionou até mesmo com a sua irmã Cristina! Isso fez com que ela também procurasse outros parceiros e parceiras fora do casamento. Todo esse sofrimento era representando nas suas obras. Aliás, Frida expressava em suas pinturas, todas as suas dores e amores.
“Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”. – Frida Kahlo
Entre os anos de 1937 e 1939 Frida e Rivera hospedaram o intelectual marxista Leon Trótski e sua esposa Natalia. Durante um ano desse período, Frida manteve um relacionamento amoroso com Trótski. Inclusive, na Casa Azul, podemos conhecer o quarto ocupado pelo casal enquanto estavam refugiados no México.
Na direita – Diego Rivera e Frida Kahlo (site www.fridakahlo.com.br)
Morte
Frida tentou suicídio diversas vezes, virou dependente de bebida alcoólica, o que deixou sua saúde mais debilitada. Ela morreu precocemente aos 47 anos, em 1954 após contrair uma pneumonia. Já quase no final de sua vida, um ano antes do seu falecimento, teve que amputar os pés, devido a diversas complicações e infecções. Rivera ficou com ela até o fim e encontrou em seu diário, uma última anotação: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar – Frida”.
Museu Frida Kahlo – como visitar?
A Casa Azul, como é conhecida, fica no número 247 da Calle London no bairro de Coyoacán, antigamente um distrito da Cidade do México. Uma dica valiosa, compre seu ingresso com antecedência pela internet! Pois, uma imagem corriqueira, são as filas formadas por turistas na frente da casa.
No entanto, eu devo compartilhar com você um fato que aconteceu comigo. Comprei o ingresso, pela internet para a primeira hora da manhã e quando cheguei na Casa Azul, tinha uma pequena fila para quem tinha ingresso e uma enorme para quem ainda precisava adquiri-lo. Porém, quando as portas do museu se abriram, às 10h, a fila de quem ainda precisava comprar a entrada, começou a ingressar na frente de todo mundo! Não sei se é comum, mas achei falta de respeito com quem já tinha se organizado e comprado o ingresso antecipadamente. A sorte é que mesmo assim, devo ter entrado no museu poucos minutos depois das 10h.
Internamente o lugar é lindo, repleto de detalhes pessoais e com uma decoração única. Além da exibição de algumas obras de Frida, é possível conhecer também suas vestimentas e outros acessórios utilizados por ela, como coletes ortopédicos, jóias e remédios.
As aparências enganam
A exposição Las Aparencias engañan: Los vestidos de Frida Kahlo está localizada ao fundo da Casa Azul e está distribuída em algumas salas. Fazem parte dela, objetos que foram encontrados em 2004 – cerca de 50 anos após sua morte – em um cômodo que fora escondido por Diego Rivera. São mais de 300 peças encontradas tanto tempo depois. É realmente surpreendente.
Esse momento da visita é bem intenso, pois você fica cara a cara com os objetos que eram fundamentais na tentativa de minimizar as constantes dores de Frida.
A casa é separada por inúmeros ambientes, como quarto, cozinha, ateliê e alguns deles parecem nunca mais terem sido tocados após a morte de Frida, incrível! Realmente, consegui ter uma ideia de como era a vida por ali. Na minha opinião, o jardim merece uma atenção especial, pois além de lindo, ele é ótimo para para você sentar e absorver tudo o que acabou de ver e vivenciar dentro da Casa Azul.
Outros passeios que podem ser combinados com a visita na Casa Azul
Minha sugestão, é combinar a visita do Museu Frida Kahlo, com o Museu-casa de Leon Trótski, distante há poucos metros dali. O local foi o palco do atentado que matou o revolucionário russo em 1940. Dentro da casa, você encontra sete cômodos, incluindo o quarto dele, que era protegido por grossas portas e paredes de ferro, bem como, é possível observar também, buracos das balas (dos tiros) nas paredes.
Outra ideia de passeio que pode ser realizado no mesmo dia da visita à Casa Azul, é uma visita ao Mercado de Coyoacán. Um local com comidas típicas, especiarias e outros artigos mexicanos, sendo assim, uma boa opção para comprar lembrancinhas.
Dica de leitura
Uma última dica: antes de viajar para a Cidade do México, eu li o livro Frida e Trótski: A história de uma paixão secreta. Realmente somou muito na minha visita ao país, uma vez que o livro narra especificamente o romance entre Frida e Trótski, quando este ficou hospedado na Casa Azul com ela e Diego. A história dos dois amantes, tem como palco a Cidade do México. Sempre com muito sentimento à flor da pele, amor, mas também medo e luta. Então foi muito interessante ver ao vivo os lugares descritos no livro, locais onde os dois se encontravam, por exemplo.
Obs.: Se você tiver interesse em comprar o livro, basta clicar no nome dele ali em cima. É um link que te leva para o site da Amazon. Importante ressaltar que se você comprar através desse link, eu ganho uma comissão, mas você não paga nada a mais por isso!
Informações práticas:
- O ingresso custa 250 MXN durante a semana e 270 MXN aos finais de semana.
- É preciso comprar uma permissão para fotografar lá dentro, custa 30 MXN. Mas, se você estiver com mais pessoas, minha dica é para comprarem somente uma permissão e compartilharem suas fotos depois.
- Horários: de terça-feira à domingo, das 10h às 17h00, com exceção das quartas-feiras, quando o museu abre às 11h às 17h00
- Endereço: Calle London, 247
- Metrô: estação de Coyoacán – linha 3 (amarela)
- Mais informações, você encontra no site oficial do Museu Frida Kahlo
- Para comprar os ingressos com antecedência, acesse aqui
- Medidas de segurança contra o Covid-19 são obrigatórias. Como o uso da máscara, distanciamento social de 1,5m, medição da temperatura, preferência de pagamento com cartão de crédito, entre outras diretrizes.
Visita virtual pela Casa Azul
No site da Casa Azul é possível fazer um tour virtual por todos os cômodos da casa! Ideal se você não tem viagem marcada para lá, mas mesmo assim tem curiosidade em saber como é! Em tempos de Covid-19 essa também é uma ótima maneira de conhecer onde Frida viveu, já que não estamos podendo viajar.
Descubra nesse link outros passeios e lugares para visitar na Cidade do México.
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